domingo, 12 de abril de 2015

Educação do Brasil versus Japão

Japonesa conta diferenças da educação no Brasil e no Japão

Texto de Érika Tamura

Professor no Japão é uma profissão muito respeitada, e para os japoneses o professor é chamado de sensei, ou mestre em português, pois é considerado o sábio, o centrado e orientador das crianças. O Japão tem a exata noção de que o futuro do país depende das crianças, por isso a educação é muito valorizada, rigorosa, disciplinada.
E para que tudo isso dê certo na prática, são necessários professores competentes, que passaram por rigorosas seleções, que possuem um alto grau de conhecimento e em compensação são bem remunerados.


E no Brasil não preciso nem dizer como anda a educação… A impressão que dá é que o assunto educação não é prioridade, torna-se secundário em relação às Olimpíadas e Copa do Mundo de futebol!

Por isso, considero os professores brasileiros verdadeiros guerreiros, pois trabalham com amor à profissão, batalham com a falta de recursos e estruturas, sem contar o quesito salarial. Heróis! É a palavra ideal para defini-los.
Aqui no Japão, professores são admirados. Quando alguém diz que é professor, ganha a admiração de todos no ato. E no Brasil, quando falam que a sua profissão é a de professor, todos ficam com dó… É uma reação espontânea, que surge automaticamente.
Converso com vários professores universitários japoneses, e eles ficam admirados com o nível de conhecimento dos professores brasileiros, mas não entendem porque é tão difícil atingir educacionalmente 100% da população.
Os japoneses não entendem porque ainda tem um número muito alto de analfabetismo no Brasil. Ficam indignados quando falo que muitas crianças abandonam a escola para trabalhar e assim ajudar no sustento da família. E mesmo assim, quando tornam-se profissionais da educação, possuem currículos invejáveis e uma postura profissional ímpar.
Ninguém vai entender se não morar no Brasil.
Deu para perceber que o Brasil tem excelentes professores mas não os valoriza. Entendi também que a necessidade de investimento e cuidado com a educação do povo brasileiro é uma necessidade primordial, e que deveria estar acima de todas as outras.

Quando conversei com o senhor Osamu Iida, ex-presidente da Honda no Brasil, ele mesmo cantou a bola: “o Brasil é um ótimo país, deixou de ser subdesenvolvido há muito tempo, só falta melhorar um item para ser perfeito e continuar crescendo, é melhorar a estrutura educacional das crianças!”. Claro! Afinal, se melhorasse esse item, os benefícios viriam como consequência e a violência cairia e muito.
E na minha opinião o início de tudo seria na valorização do professor. E é um passo tão pequeno, mas tão significativo!
Professores, tanto no Brasil como no Japão, são pessoas que amam o que fazem porque senão não aguentariam o tranco, admiro muito quem tem esse dom, pois eu defino como um dom, a arte de ensinar uma criança. Carga horárias puxadas, folgas sacrificadas, refeições puladas… essa é a rotina do professor brasileiro, japonês, mundial! Por isso admiro tanto essa profissão.
Muitos falam que é difícil tornar-se um médico competente, ou um advogado consagrado, mas se não fosse pelo professor nenhuma dessas profissões seriam desenvolvidas com tamanha maestria e competência.
Por isso que no Japão o professor é reverenciado como um mestre sábio e está num patamar acima de todas as outras profissões.

E a carga emocional que um professor deixa em uma criança é muito grande. Até hoje lembro-me de todos os meus professores, desde a pré-escola até a faculdade. Sei o nome de cada um deles, pois de alguma forma fizeram parte da minha vida, e se hoje sou assim, é porque cada um dos meus professores me ensinaram algo, e o mérito é deles!
Quero parabenizar a todos os profissionais da área, principalmente os brasileiros, pois admiro-os e considero-os verdadeiros heróis e pode parecer clichê tudo isso que escrevi, mas é a verdade no meu ponto de vista. Sem a pretensão da famosa felicidade utópica, mas com consciência da felicidade real e atingível para todos!
Erika Tamura, comerciária em Joso, no Japão, escreve quinzenalmente como colaboradora da Folha da Região.