quinta-feira, 23 de abril de 2015

A Importância da Educação Artística


Conteúdo Programático: 


1. A ARTE NO CONTEXTO ESCOLAR 2. A ARTE NO ESPAÇO EDUCACIONAL 3. A ARTE COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA 4. O ENSINO DA ARTE E A SALA DE AULA 5. A ARTE E O CONCEITO DE CULTURA 6. A ARTE: UM RAMO DO CONHECIMENTO 7. A CRIANÇA, O ADOLESCENTE E A ARTE 8. DESENVOLVIMENTO DA ARTE NA INFÃNCIA 9. A ARTE NA INFÃNCIA 10. POR QUE ENSINAR ARTE NA INFÂNCIA? 11. O PAPEL DO PROFESSOR NA ARTE-EDUCAÇÃO 12. O PAPEL DO PROFESSOR NA ARTE-EDUCAÇÃO 13. EDUCAÇÃO ARTÍSITCA NO ENSINO FUNDAMENTAL 14. EDUCAÇÃO ARTÍSITCA NO ENSINO FUNDAMENTAL II 15. O FOLCLORE NA ARTE-EDUCAÇÃO 16. O FOLCLORE NA ARTE-EDUCAÇÃO 17. ENTENDENDO O FOLCLORE 18. AS POSSIBILIADES DO USO DO FOLCLORE NA AULA DE EDUCAÇÃO ARTÍSITCA 19. CONSIDERAÇÕES FINAIS 20. CONSIDERAÇÕES FINAIS II

1. A ARTE NO CONTEXTO ESCOLAR 

A arte, ainda nos tempos das cavernas, permitiu ao homem compreender e atribuir sentido ao mundo e a sua atividade sobre ele. A capacidade de configurar suas experiências passadas e presentes, e discernir o seu futuro, desde os primórdios da humanidade, é alguma coisa ligada indissoluvelmente à experiência estética. De modo geral, a arte é compreendida como a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética, criada por artistas a partir de percepção, emoções e idéias. Em se tratando da arte na escola, utiliza-se a imaginação e criatividade ao inventar coisas novas e ao expressar sentimentos e manifestar diferentes formas de entender a vida. Compreende-se que o ensino da arte e a presença da arte na escola realizam uma função essencial que ultrapassa a execução de uma simples disciplina curricular. A arte na escola tem o intuito de fazer com que o aluno se torne participante da sociedade em que ele está inserido, que ele possa criar, pensar, sentir o mundo que o cerca e que possa expressar esses aspectos não somente por meio de palavras, mas por outras linguagens. Esses tipos de linguagens são as Artes Visuais, a Dança, a Música e o Teatro. Além disso, a presença da arte na escola pode possibilitar trocas culturais entre os próprios alunos.

2. A ARTE NO ESPAÇO EDUCACIONAL 

Sendo a escola o primeiro espaço formal onde se dá o desenvolvimento de cidadãos, nada melhor que por aí se dê o contato sistematizado com o universo artístico e suas linguagens: artes visuais, teatro, dança, música e literatura. Contudo, o que se percebe é que o ensino da arte está relegado ao segundo plano, ou é encarado como mera atividade de lazer e recreação. Desde o profissional contratado, muitas vezes tendo que lidar com os conteúdos das linguagens de forma polivalente, até o pequeno número de horas destinadas ao ensino das linguagens artísticas. Ao longo dos anos, muito se tem falado e
escrito sobre a necessidade da inclusão da arte na escola de forma mais efetiva. Desde 1971, pela Lei 5692, a disciplina Educação Artística torna-se parte dos currículos escolares. Muitas experiências têm acontecido, mas no contato direto com professores, diretores de escola e coordenadores pedagógicos, as intenções parecem apontar para um caminho interessante, mas é no confronto com a prática pedagógica no campo da arte que se nota a grande distância entre teoria e prática. Muitos equívocos são cometidos e a questão passa batida na maioria das vezes em que se questionam as vivências com a arte.


3. A ARTE COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA 

Diretores de escola, coordenadores, professores, pais de alunos e alunos devem estar preparados para entender a arte como ramo do conhecimento em mesmo pé de igualdade que as outras disciplinas dos currículos escolares. Reconhecendo não só a necessidade da arte, mas a sua capacidade transformadora, os agentes educacionais estarão contribuindo para que o acesso a ela seja um direito do homem. Aceitar que o fazer artístico e a fruição estética contribuem para o desenvolvimento de crianças e de jovens é ter a certeza da capacidade que eles têm de ampliar o seu potencial cognitivo e assim conceber e olhar o mundo de modos diferentes. Esta postura deve estar internalizada nos educadores, a fim de que a prática pedagógica tenha coerência, possibilitando ao educando conhecer o seu repertório cultural e entrar em contato com outras referências, sem que haja a imposição de uma forma de conhecimento sobre outra, sem dicotomia entre reflexão e prática.

4. O ENSINO DA ARTE E A SALA DE AULA

 O ensino da arte deve estar em consonância com a contemporaneidade. A sala de aula deve ser um espelho do atelier do artista ou do laboratório do cientista. Neles são desenvolvidas pesquisas, técnicas são criadas e recriadas, e o processo criador toma forma de maneira viva, dinâmica. A pesquisa e a
construção do conhecimento é um valor tanto para o educador quanto para o educando, rompendo com a relação sujeito/objeto do ensino tradicional. Este processo poderá ser desafiador. Delimite-se o ponto de partida e o ponto de chegada será resultante da experimentação. Assim, o ensino da arte estará intimamente ligado ao interesse de quem aprende. Esta maneira de propor o ensino da arte rompe barreiras de exclusão, visto que a prática educativa está embasada não no talento ou no dom, mas na capacidade de experienciar de cada um. Estimulam-se os educandos a se arriscarem a desenhar, representar, dançar, tocar, escrever, pois se trata de uma vivência, e não de uma competição. Uma proposta em arte que parta deste princípio traz para as suas atividades um grande número de interessados. Crianças e jovens se reconhecerão como participantes e construtores de seus próprios caminhos e saberão avaliar de que forma se dão os atalhos, as vielas, as estradas. A arte fará parte de suas vidas e terá um sentido, deixando de ser aquela coisa incompreensível e elitista, distante de sua realidade.


5. A ARTE E O CONCEITO DE CULTURA 

A concepção de arte no espaço implica numa expansão do conceito de cultura, ou seja, toda e qualquer produção e as maneiras de conceber e organizar a vida social são levadas em consideração. Cada grupo inserido nestes processos configura-se pelos seus valores e sentidos, e são atores na construção e transmissão dos mesmos. A cultura está em permanente transformação, ampliando-se e possibilitando ações que valorizam a produção e a transmissão do conhecimento. Cabe então negar a divisão entre teoria e prática, entre razão e percepção, ou seja, toda fragmentação ou compartimentalização da vivência e do conhecimento. Este processo pedagógico busca a dinâmica entre o sentir, o pensar e o agir. Promove a interação entre saber e prática relacionados à história, às sociedades e às culturas, possibilitando uma relação ensino/aprendizagem de forma efetiva, a partir de experiências vividas, múltiplas e diversas. Considera-se também nesta proposta a vertente lúdica como processo e resultado, como conteúdo e forma.

6. A ARTE: UM RAMO DO CONHECIMENTO 

De que forma a escola pode considerar na sua programação vivências onde o lúdico essencial esteja presente? Reconhecendo a arte como ramo do conhecimento, contendo em si um universo de componentes pedagógicos. Os educadores poderão abrir espaços para manifestações que possibilitam o trabalho com a diferença, o exercício da imaginação, a autoexpressão, a descoberta e a invenção, novas experiências perceptivas, experimentação da pluralidade, multiplicidade e diversidade de valores, sentido e intenções. Um programa educacional não pode tornar a arte num elemento decorativo e festeiro. A arte valoriza a organização do mundo da criança e do jovem, sua auto compreensão, assim como o relacionamento com o outro e com o seu meio. Assim se contextualiza o trabalho na vertente do lúdico e do fazer, com a ação mais significante do que os resultados, ou seja, não se propõe atividades que não levam a nada. Se pensar num projeto e no seu processo, cada etapa apresentará resultados que poderá se tornar ou não outro projeto. Os resultados dos processos podem ser uma etapa ou sua finalização em espetáculos teatrais, coreográficos, musicais, exposições, mostras, performances etc.

7. A CRIANÇA, O ADOLESCENTE E A ARTE 

A arte tem um papel primordial na função de crianças e adolescentes, pois promove a formação artística e estética, além de ampliar-lhes a consciência e as potencialidades, aprimorando a sua relação com o próprio meio. Praticando atividades artísticas, o aluno desenvolve seu conhecimento específico sobre a arte, percebendo, aprendendo, pesquisando, pensando, imaginando, recordando, sentido, expressando e comunicando a sua percepção criativa. Resultará dessa prática o desenvolvimento gradativo da sua capacidade de dotar a vida sentida, tal como aconteceu desde o início da trajetória da
humanidade. As experiências ligadas à arte provocam transformações cotidianas no sentido que se dá à vida e às coisas ao redor. No aprendizado da arte, o aluno pode absorver experiências que, somadas ao seu meio ambiente, resultarão em melhoria e ampliação do seu mundo. De fato, a arte acompanha o homem desde sua infância. Por essa via ele expressa suas emoções, primeiramente com brincadeiras, como as do desenho, até chegar às criações próprias da fase adulta.


8. DESENVOLVIMENTO DA ARTE NA INFÃNCIA 

Entre os 18 e 24 meses, a criança começa a rabiscar e surpreende-se ao ver que o movimento de sua mão agarrada a um lápis deixa traços no papel. Entre 4 e 6 anos, os movimentos da etapa anterior (circulares e longitudinais) evoluem para formas reconhecíveis. Os temas de representação preferidos nesta etapa são figuras humanas, casas, árvores e animais. Para a criança, a arte significa o meio com que ela se expressa, comunica o seu pensamento, sendo essa expressão única, muito individual, variando de acordo com cada uma e sua referida idade. O modo como enxerga o mundo difere conforme as fases de seu crescimento, estando sua representação vinculada à sua percepção perante o que ela entende e vê. O adulto costuma ficar impressionado com a espontaneidade com que a criança desenvolve seus desenhos e pinturas, achando-os belos, porém tem a tendência de querer impor, por sugestões, o modo ou as cores com que deve ser colorido o trabalho. Com essa conduta ele provoca na criança uma dificuldade que a impede de se expressar com naturalidade. Se não houvesse nenhuma interferência exterior, ela exerceria sua criação desinibidamente, com confiança. Quando ela diz não ser capaz de executar determinado trabalho expressivo, com certeza recebeu algum tipo de influência por parte de adultos, sejam eles pais, avó, professores, entre outros.

9. A ARTE NA INFÃNCIA 

Não é adequado julgar o trabalho expressivo de uma criança nem pelas cores, aspecto, assunto ou qualidade, porque isso faz que ela se feche em seu próprio mundo e pare de produzir espontaneamente. O que importa realmente são seus sentimentos com relação ao meio em que vive e as impressões que ela absorve, transformando-as em experiência, as quais transmitem ao seu ato expressivo. O fator mais importante a ser considerado em todo processo de criação realizado na infância é o respeito que se demonstra pelos sentimentos, espontaneidade, sinceridade e autenticidade com quem a criança manifesta suas percepções com relação ao seu meio. Na arte não existe o certo ou errado, o que conta é o realizar intuitiva satisfatoriamente. A criança se expressa por meio de sua criação, demonstra seus sentimentos, afeições, modo de pensar, o meio em que vive, isso tudo nada tem que ver com estética, com o belo, e sim com espontaneidade, liberdade. Por isso não se pode rotular a criação artística da infância com padrões impostos pelo adulto; o certo é considerá-la como algo muito acima de qualquer influência que possa exercer, no que acaba por prejudicá-la em vez de educá-la, fazendo que se retraia e crie uma dependência com relação às suas ações.

10. POR QUE ENSINAR ARTE NA INFÂNCIA? 

O ensino da arte está ligado ao processo de desenvolvimento e liberação da expressão artística da criança, sem criticá-la ou tolher a sua liberdade, nascendo o que se pode entender por arte. Portanto, a arte pode ser considerada como o desenvolvimento expressivo do indivíduo e não os produtos originados dela, que podem ser belos ou não, segundo os padrões preestabelecidos pela sociedade. Estimular a criança a ter uma relação mais entusiasmada com o meio em que vive é construir para ela uma vida mais significativa, em que seu poder de expressão esteja liberado, podendo expressar sentimentos, sejam eles quais forem, pois dessa forma estará exercitando o seu lado afetivo. Com isso, pode-se afirmar com total convicção
que não existem desenhos iguais feitos pelas crianças, porque elas não são autênticas, díspares. As mudanças originadas do desenvolvimento da criança interferem em sua expressão criativa; qualquer imposição de padrão preestabelecido limita a espontaneidade e faz que a razão sobreponha a sensação. A arte na escola é muito importante, pois contribui para o desenvolvimento da criança, possibilitando-lhe liberdade e segurança no que diz respeito ao relacionamento com o seu meio.


11. O PAPEL DO PROFESSOR NA ARTE-EDUCAÇÃO 

Ao professor cabe o papel de estimular a criança em seu processo criativo, nunca induzindo ou manipulando; a expressão tem que ser livre; a atitude é de criação e liberdade, não de dependência. Quando uma criança se diz incapaz de executar um desenho é bem possível que ela tenha sido tolhida em sua criatividade. A arte propicia um senso de liberdade que evolui junto com o jovem, e o professor tem que ajudá-lo estimulando-a a desenvolver a sua criatividade, que em conseqüência auxilia na sua conduta com relação às outras matérias da escola e no próprio meio em que vive. Não é adequada para o desenvolvimento artístico da criança a utilização de desenhos para colorir ou padrões pré-desenhados para serem copiados. O uso desse tipo de material impede a criança de expressar com liberdade as suas sensações e prejudica o seu desenvolvimento como indivíduo. O processo criativo tem quer ser respeitado e estimulado para se obter um resultado adequado às condições do meio em que a criança vive, seu relacionamento e afinidades, preferências, gosto, enfim, tudo que é agradável. Fazer a criança simplesmente copiar ou colorir um desenho preestabelecido é cercear sua criatividade e torná-la dependente, incapaz de reagir às diferentes situações que a vida possa lhe apresentar, perdendo a confiança em si mesma e no seu processo criativo, tornando-se passiva.

12. O PAPEL DO PROFESSOR NA ARTE-EDUCAÇÃO 

O estímulo e o interesse demonstrado pelo adulto à arte da criança são fatores importantes para que ela se sinta livre e capaz de criar novas sensações. A criança que tem o seu processo criativo liberto, que não recebeu influência sobre seu trabalho; externa suas sensações representando as coisas agradáveis que vê ao seu redor, seu cotidiano e pessoas de que gosta, evoluindo dessa forma o seu senso criador. Para que aconteça essa transição espontânea do desenvolvimento da percepção e observação do mundo, o professor deverá ter um papel passivo e de espera em relação à evolução de cada aluno. O objetivo maior desse comportamento é facilitar a formação do sentido criador, pois a arte, em suas mais diversas manifestações, torna-se meio de expressão completo, que deve estar presente ao longo do todo processo de escolarização. Ainda que a orientação do educador deva estar presente, não é conveniente que este interfira, por exemplo, na escolha das cores, na concepção (criação) dos exercícios. Durante a atividade, as crianças deverão explorar, investigar, elaborar e conquistar a capacidade de expressarem-se pelos trabalhos propostos. Nesse sentido, o desenvolvimento da percepção, da motricidade, da espacialidade e da imaginação deve ser objetivo a ser atingido pelas propostas que o professor de arte oferece.

13. EDUCAÇÃO ARTÍSITCA NO ENSINO FUNDAMENTAL 

A nova LDB 9394/96 mantém a obrigatoriedade do ensino de arte nas escolas de Educação Básica. Passam a considerar a música, as artes visuais, o teatro e a dança como linguagem artística autônomas no Ensino Fundamental. Sendo a educação básica um processo que inicia no Ensino Fundamental e se concluiu no Ensino Médio, é necessário considerar as características e necessidades dos alunos nos diversos níveis de modalidades de ensino. No Ensino Fundamental a arte é tratada numa dimensão ampliada, o professor, ao selecionar os conteúdos que irá desenvolver, enfocará essas formas de relação da arte com a sociedade, abordando o objeto de estudo por meio dos Conteúdos
Estruturantes; Elementos Básicos da linguagem das Artes Visuais, Elementos Básicos da linguagem da música, Elementos Básicos da linguagem do teatro, Produções/Manifestações Artísticas e Elementos Contextualizadores. No Ensino Fundamental, o enfoque cultural será abordado como resultante do trabalho que abrange as práticas sociais historicamente constituídos pelos sujeitos. Cada Cultura possui sua lógica, funcionando como uma lente da qual o homem se vê, se compreende, se inclui, se localiza, se insere na diversidade.


14. EDUCAÇÃO ARTÍSITCA NO ENSINO FUNDAMENTAL II

 O ensino de Arte ocupa uma posição privilegiada ao aprofundar a exploração das linguagens artísticas e ao reconhecer os conceitos e elementos comuns, presentes nas diversas representações culturais, pelos seus contextos. A seleção dos conteúdos poderá partir estabelecendo relações com os conteúdos presentes nas produções, manifestações locais, regionais, globais, das diversas linguagens artísticas. Em suas aulas, o professor poderá explicitar através das manifestações/produções artísticas. Esta materialização do pensamento artístico de diferentes culturas coloca-se com um referencial (signos) que poderá ser interpretado pelos alunos por meio do conhecimento dos códigos presentes nas linguagens artísticas. Outra questão importante por essas diretrizes diz respeito ao processo de releitura entendendo como fazer artístico, a leitura da obra de arte e a informação histórica. Considerar a integração das linguagens artísticas, às manifestações e produções artísticas culturais. Possibilitando o acesso e o estudo das informações visuais, musicais, cênicas e expressões corporais. Oferecer oportunidades ao aluno para aquisição do conhecimento, aliado à integração e à criatividade.

15. O FOLCLORE NA ARTE-EDUCAÇÃO 

O folclore no meio educacional tem ocupado um lugar de conhecimento meramente estético, revelado para as comemorações do mês de agosto, sendo
ainda comum observar alunos desenvolvendo trabalhos escolares limitando-se à pesquisa a respeito do verbete em dicionários e enciclopédias. Tais pesquisas resumem-se a cópias de livros, não representados um aspecto significativo para a aprendizagem, pois o vazio de um conceito que não parece fazer parte do cotidiano não apresenta aplicabilidade em sua vida, em sua realidade. O folclore é arremetido a classes de baixa renda ou a grupos de tradições e manifestações culturais, distanciando-o ainda mais da realidade dos envolvidos em seus campos de ação. Tais conceitos e pré-conceitos, muitas vezes não desmistificados pelos educadores, que na maioria das vezes não tem conhecimento e embasamento para isso, contribuem para um distanciamento dos alunos de seus traços culturais, que deveriam ser valorizados e atrelados ao saber escolar, acarretando uma assepsia do ensino para com a realidade em que estão inseridos educadores, alunos e escola.


16. O FOLCLORE NA ARTE-EDUCAÇÃO 

A necessidade de respeitar a cultura da realidade em que a escola está inserida é tratada na Lei de Diretrizes e Bases, principalmente mediante temas transversais, em especial da discussão sobre a pluralidade cultural. Esse tema encontra-se intimamente ligado à questão do aproveitamento pedagógico do folclore nas aulas educação artística. Levando em conta a formação étnica e cultural do povo brasileiro, não será possível desenvolver uma proposta educacional efetiva sem considerar as múltiplas culturas existentes em nossa sociedade. O papel do folclore é justamente mediar o ensino formal com a prática da vida cotidiana através das diversas manifestações informais que constituem a riqueza cultural dessa comunidade. A partir do estudo do folclore presente nessa realidade seria possível estabelecer relações entre o ensino informal, espontâneo, e o ensino formal, tornando mais significativo o processo ensino aprendizagem.

17. ENTENDENDO O FOLCLORE
Entender o folclore é outra tarefa que se faz necessária para que se possa dar continuidade ao desenvolvimento de um projeto que envolva em suas estratégias e teorias. Novamente busca-se proporcionar condições para que os educadores possam um pouco de sua história. O dia 22 de agosto, instituído pelo Decreto Federal n. 56.747, de 17 de agosto de 1965, como Dia do Folclore, tem esse efeito por se tratar do dia da criação da palavra “folk-lore” pelo arqueólogo inglês William John Thomas, sob o pseudônimo de Ambrose Merton, em 1846. Utiliza-se o termo “cultura popular” no sentido de colocá-la intimamente ligada ao povo, e não no sentido de cultura de massa, como costuma ser comum. A cultura popular, no entanto, não deve ser entendida para o folclore da mesma forma que vem sendo explorada pela mídia, como a MPB – Música Popular Brasileira, lojas populares, preços populares etc. Para entender cultura popular como sinônimo de folclore, deve-se levar em conta que as manifestações são livremente assimiladas pelo povo inserido em determinado contexto cultural, sem a influência dos meios de comunicação de massa ou modismos sociais.


18. AS POSSIBILIADES DO USO DO FOLCLORE NA AULA DE EDUCAÇÃO ARTÍSITCA Embora sejam vastos os campos de ação do folclore, aqui estão listados os que podem se adaptar à realidade escolar e que poderiam servir para um trabalho pedagógico: Literatura: contos, quadrinhas, literatura de cordel, mitos ou assombrações, lendas, anedotas, caderno de recordações, cadernos de perguntas e respostas. Artesanato: cerâmica utilitária, funilaria popular, trabalhos em couro e chifre, trançados e tecidos de fibras vegetais e animais, fabrico de farinha de mandioca, monjolo de pé ou de água, engenhos, instrumentos de música, tinturaria popular. Arte pintura e desenho, escultura e modelagem, bijuteria, renda, crochê, papel recortado para enfeite, tecelagem, xilogravura. Brinquedos: papagaios, pipas, pandorgas ou quadrados, bruxas ou bonecas de trapo, bucha e espiga de milho, petecas, piões, corrupio, pernas-de-pau, cata-vento, quebra-potes etc. Música: cantigas de roda, cantos religiosos.
Danças: coreografia das danças folclóricas brasileiras. Teatro (folguedos populares): estrutura e entrecho dramático. Esses aspectos poderão ser encontrados na comunidade em que a escola está inserida com modificações de estrutura e nomes, o que é comum no estudo do folclore, em virtude da riqueza cultural do país. Para o folclore não existe o “certo ou errado” quando se trata do nome de uma cantiga ou brincadeira, por exemplo; a variação é comum e deve ser respeitada justamente pela diversidade cultural e de miscigenações na formação da cultura brasileira.


19. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 A introdução da arte no espaço institucional da escola colabora para o crescimento e igualdade dos níveis cognitivos, afetivos e perceptivos, pois mobiliza o domínio cognitivo, ampliando e aprofundando o conhecimento, uma vez que, quando se está produzindo ou apreciando arte, pode-se refletir sobre o que representa a criação ou a que estilo pertence uma determinada obra. Também colabora para o desenvolvimento da qualidade imaginativa, que é um elemento importante para a apreensão dos conteúdos, bem como para a efetivação da aprendizagem, pois pela imaginação é possível perceber as estratégias individuais na construção do conhecimento. A arte não deve ser tomada como fim último para facilitar a compreensão e a apropriação de outros conteúdos curriculares, mas como meio que proporciona a liberdade de criação e apreciação do aluno, permitindo-lhe colocar-se como sujeito do seu aprendizado. Tal condição, bem como a criatividade e o gosto pelo aprender, naturalmente favorece outras disciplinas.

20. CONSIDERAÇÕES FINAIS II 

A escola, por si só, no entanto, não poderia abarcar a responsabilidade de incluí-la na formação global do homem; conta, então, com a parceria de um elemento fundamental que é o professor efetivamente capacitado para tal – Em
primeiro lugar, o professor precisa contemplar, em sua formação, não apenas o domínio dessa área, mas também os conhecimentos técnicos necessários sobre o tema (que é arte, como é construída, qual sua origem, quais suas funções etc.), acrescidos de uma experiência de vida. Em segundo, é necessário que ele saiba ensinar arte, o que requer uma concepção correta de como se dá o aprendizado, levando em considerações os diferentes níveis de desenvolvimento da criança e os diversos recursos didáticos necessários para esse ensino. Para um aprendizado efetivo, o professor de arte deve possibilitar que o aluno aprenda vivenciando, produzindo, com acesso às diversas manifestações artísticas mediante situações intencionais que promovam tais oportunidades. Para isso, esse profissional precisa ter uma postura de valorização da arte, demonstrando-a na organização do espaço destinado a seu ensino; precisa ainda um planejamento flexível que permita os ajustes e reajustes de acordo com as necessidades do aluno, sempre levando em consideração o contexto no qual este aluno está inserido.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

ABRIL/2015


MANIFESTO: CONQUISTAS E DESAFIOS PARA A ATUAL EDUCAÇÃO


Embasado no pensamento liberal que se propagava no Brasil, o Manifesto  apresenta uma reflexão importante sobre o pensamento arcaico que segrega a educação das demais articulações sociais de relevância para o desenvolvimento do país. Com a proposta de renovar a escola tradicional, objetivava a aplicação da verdadeira função social da escola, pautadas na democracia, onde educação pública é compreendida como responsabilidade do Estado.  Ou seja, se a educação é para todos, então, as classes populares que não eram beneficiadas pelas escolas privadas, teriam uma escola comum às instituições privadas, porém de forma igualitária e gratuita.
A defesa da laicidade também é um ponto chave do Manifesto que trava uma luta contra o ensino religioso, predominante no Brasil em boa parte das escolas da época. O Manifesto além de avaliar a situação em que a educação se encontrava, já pensava numa estrutura educacional que pudesse satisfazer os anseios da sociedade moderna, talvez por esse motivo, transformou-se num processo que articulou e desencadeou uma série de reformas que hoje, estão a a disposição dos novos profissionais da educação.



A necessidade de democratizar a sociedade fez com que o movimento da Escola Nova acontecesse paralelamente à pedagogia tradicional, buscando reformas educacionais urgentes, emergindo da própria população a necessidade de uma consciência nacional. Ao lado de uma atenção especial na formação do cidadão, a Escola Nova tinha seus objetivos concentrados no aluno, valorizando a individualidade e propiciando autonomia ao educando. Os educadores dessa concepção acreditam que o papel da escola é transformar a sociedade desigual e apática em uma sociedade mais justa, igualitária e participativa, na qual caberia à educação adaptar os estudantes ao seu ambiente social. A Escola Nova acredita que a educação é o exclusivo elemento eficaz para a construção de uma sociedade democrática, que leva em consideração as diversidades, respeitando a individualidade do sujeito, aptos a refletir sobre a sociedade e capaz de inserir-se nessa sociedade. 
A publicação do manifesto foi extremamente importante para a democratização do ensino no Brasil, pois abriu as portas para que tivéssemos uma educação digamos que globalizada, mais ampla. E até hoje essa conquista continua ganhando terreno. Hoje as escolas tem uma certa autonomia, o conteúdo programático já é discutido na gestão escolar quanto a questão do contexto regional e cultural, e como disse Dewer em umas das suas teses: "A ênfase da educação não está na acumulação de conhecimentos mas na capacidade de aplicá-los às situações vividas".
O legado deixado pelo manifesto para os dias atuais, é desafiador, porque se formos reanalisar todo o processo dentro do contexto histórico, poderemos constatar as variadas mudanças econômicas, políticas e morais que sacudiram nossa história. A tentativa do socialismo com o liberalismo em democratizar a sociedade e a educação não foi satisfatória, agora estamos no império do capitalismo e o processo de globalização esta fazendo com que a educação fique atrelada aos interesses do lucro capitalista.
Após o manifesto muita coisa já mudou, porém muito ainda precisa ser feito para que a Educação brasileira alcance tamanha dignidade que seja capaz de transformar a sociedade como um todo. Essa será sempre uma luta árdua e contínua para termos uma verdadeira educação, que forme pessoas não meramente para o mercado de trabalho, mais, pessoas pensantes e críticas que consigam enxergar as entrelinhas das situações adversas.
A nossa educação precisa cada vez mais de profundas modificações pedagógicas na forma de agir, pensar, cuidar com qualidade essa nova era de alunos, esse é o legado para nossos dias. 


REFERÊNCIAS
- ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia – geral e Brasil / Maria Lúcia de Arruda Aranha. – 3 edd. – ver e ampl.- São Paulo: Moderna 2006. p.302-304.


- http://www.histedbr.fe.unicamp.br/revista/edicoes/22e/doc1_22e.pdf

http://sga.uniube.br/academico/AVA/Diario/gestao/diarios/Video.php?video=http://www.youtube.com/v/zAV1T1H1WCw

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova 

"Em nosso regime político, o Estado não poderá, decerto, impedir que, graças à organização de escolas privadas de tipos diferentes, as classes mais privilegiadas assegurem a seus filhos uma educação de classe determinada; mas está no dever indeclinável de não admitir, dentro do sistema escolar do Estado, quaisquer classes ou escolas, a que só tenha acesso uma minoria, por um privilégio exclusivamente econômico. Afastada a idéia de monopólio da educação pelo Estado, num país em que o Estado, pela sua situação financeira, não está ainda em condições de assumir a sua responsabilidade exclusiva, e em que, portanto, se torna necessário estimular, sob sua vigilância, as instituições privadas idôneas, a ‘escola única’ se entenderá entre nós, não como uma conscrição precoce arrolando, da escola infantil à universidade, todos os brasileiros e submetendo-os durante o maior tempo possível a uma formação idêntica, para ramificações posteriores em vista de destinos diversos, mas antes como a escola oficial, única, em que todas as crianças, de 7 a 15 anos, todas ao menos que, nessa idade, sejam confiadas pelos pais à escola pública, tenham uma educação comum, igual para todos."   O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova" consolidava a visão de um segmento da elite intelectual que, embora com diferentes posições ideológicas, vislumbrava a possibilidade de interferir na organização da sociedade brasileira do ponto de vista da educação. Lourenço Filho, um dos signatários do Manifesto Redigido por Fernando de Azevedo, o texto foi assinado por 26 intelectuais, entre os quais Anísio Teixeira, Afrânio Peixoto, Lourenço Filho, Roquette Pinto, Delgado de Carvalho, Hermes Lima e Cecília Meireles. Ao ser lançado, em meio ao processo de reordenação política resultante da Revolução de 30, o documento se tornou o marco inaugural do projeto de renovação educacional do país. Além de constatar a desorganização do aparelho escolar, propunha que o Estado organizasse um plano geral de educação e defendia a bandeira de uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita. O movimento reformador foi alvo da crítica forte e continuada da Igreja Católica, que naquela conjuntura era forte concorrente do Estado na expectativa de educar a população, e tinha sob seu controle a propriedade e a Escola pública em Minas Gerais. orientação de parcela expressiva das escolas da rede privada.
A escola integral e única proposta pelo manifesto era definida em oposição à escola existente, chamada de "tradicional". Assim conceituava o manifesto a "escola ou educação nova": "A educação nova, alargando sua finalidade para além dos limites das classes, assume, com uma feição mais humana, a sua verdadeira função social, preparando-se para formar ‘a hierarquia democrática’ pela ‘hierarquia das capacidades’, recrutadas em todos os grupos sociais, a que se abrem as mesmas oportunidades de educação. Ela tem, por objeto, organizar e desenvolver os meios de ação durável com o fim de ‘dirigir o desenvolvimento natural e integral do ser humano em cada uma das etapas de seu crescimento’, de acordo com uma certa concepção de mundo."
Coerentemente com essa definição da "educação nova", os educadores propunham um programa de política educacional amplo e integrador, assim registrado no manifesto:
"A seleção dos alunos nas suas aptidões naturais, a supressão de instituições criadoras de diferenças sobre base econômica, a incorporação dos estudos do magistério à universidade, a equiparação dos mestres e professores em remuneração e trabalho, a correlação e a continuidade do ensino em todos os graus e a reação contra tudo que lhe quebra a coerência interna e a unidade vital, constituem o programa de uma política educacional, fundada sobre a aplicação do princípio unificador que modifica profundamente a estrutura íntima e a organização dos elementos constitutivos do ensino e dos sistemas escolares."

Helena Bomeny